Omran: o inocente olhar de dor que emocionou o mundo

Na verdade, não há quem esteja preparado para ver as imagens do resgate do menino de cinco anos sem ficar com um nó na garganta. A criança, que foi retirada das ruínas de um edifício atacado, permaneceu sentada na ambulância, atónita, com o rosto ensanguentado, sem uma lágrima, a olhar fixamente para as objetivas que o fotografavam. Em poucas horas, a desconcertante imagem correu o mundo.

Nem os jornalistas (habituados aos piores cenários) escaparam ilesos àquele olhar.

“Já fotografei muitos raides aéreos em Aleppo, mas havia muito mais naquela cara, o sangue e o pó misturados, e sobretudo naquela idade”, lamentou Mustafa al-Sarout, que filmou o menino sírio.

Omran ainda limpou a testa e observou a mão ensanguentada, mas permaneceu em silêncio, mergulhado em pensamentos que jamais alguém conhecerá.

Aliás, o sírio só falou uma vez… para perguntar pelos pais. E só chorou pela primeira vez depois de os ver, talvez num misto de alívio e dor pelas marcas de uma guerra que não é sua.

O pior de tudo? Pensar que aquele é apenas um rosto de milhões de crianças que, todos os dias, perdem o norte, em cidades devastadas pela destruição e pelo medo do que há-de vir…

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